Acessiblidade
Economia
SEM SUSPEITA
Posicionamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é de que não há risco para MS
10/10/2022 18h07
Elias Luz
Rebanho bovino de MS está livre de qualquer ameaça, segundo Mapa – Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado
A notícia de que duas pessoas na Bahia morreram vítimas da doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), também conhecida como Encefalite Espongiforme Bovina (EEB), ou simplesmente “vaca louca”, foi rechaçada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O mercado financeiro chegou a reagir negativamente com a notícia e a Bolsa de Valores (B3) chegou a exibir queda de 2,18% na cotação da arroba para novembro e de 3,19% para dezembro, com os valores fixando-se em R$ 292 e R$ 292,50.
No entanto, na tarde desta segunda-feira (10), o Mapa se posicionou e emitiu nota oficial, afirmando que “a pasta acompanha o caso citado. A Doença de Creutzfeldt-Jakob (DJC) ocorre, na maioria dos casos, de forma esporádica e tem causa e fonte infecciosas desconhecidas”.
De acordo com o Mapa, os casos mencionados não têm relação com consumo de carne bovina ou subprodutos contaminados com Encefalite Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como doença da ‘Vaca Louca’. Isso significa que não há risco de contaminação da carne.
Como o fato começou a ser notícia em todo o Brasil, o Mapa esclareceu que os casos de doenças neurodegenerativas investigados no estado da Bahia e veiculados na imprensa não estão relacionados à “vaca louca”.
Além disso, segundo o Ministério da Saúde, o caso está em investigação e ainda falta realizar exames para confirmação do diagnóstico.
As informações disponíveis, até o momento, indicam para um possível caso de Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) esporádica, forma que não possui relação com a ingestão de carne e subprodutos de bovinos contaminados com Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) e que não é transmitida de forma direta de um indivíduo para outro.
Desde que a vigilância da DCJ foi instituída pelo Ministério da Saúde, nenhum caso da forma variante vDCJ foi confirmado no País.
Da mesma forma, a EEB clássica nunca foi detectada no rebanho bovino do Brasil em mais de 20 anos de existência do sistema de vigilância da doença, instituído e coordenado pelo Mapa.
O Brasil detém, desde 2012, o reconhecimento internacional pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como país de risco insignificante de EEB.
O Mapa reforçou, ainda, que o consumo de carne e produtos derivados de bovinos no Brasil é considerado seguro, não representando risco para a saúde pública.
Ano passado, Rússia e China chegaram a suspeder exportações de carne oriundas dos Estados de Mato Grosso e Minas Gerais. Em Mato Grosso do Sul, nenhuma anomalidade foi detectada.
O presidente da Associação dos Criadores de Gado de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, destacou que é preciso tomar muito cuidado com o surgimento desse tipo de notícia.
Isso porque o Estado tem um rebanho estimado em 20 milhões de cabeças e as exportações de carne rendem – por ano – uma média US$ 750 milhões.
A doença de Creutzfeldt-Jakob tem uma rápida evolução, que pode levar à morte do paciente. Ela se caracteriza pelos seguintes sintomas:
Desordem cerebral com perda de memória;
Tremores;
Falta de coordenação de movimentos musculares;
Distúrbios da linguagem;
Perda da capacidade de comunicação;
Perda visual.
A doença de Creutzfeldt-Jakob é diagnosticada a partir de exames de sangue e também por meio de exame neuropatológico de fragmentos do cérebro.
A principal forma de tratamento são drogas antivirais e corticóides. De acordo com o Ministério da Saúde, aproximadamente 90% dos indivíduos infectados pela doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) morrem dentro de um ano. Ainda não há maneira efetiva de alterar a evolução da doença.
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31/10/2022 10h26
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SEGMENTO
Foram 12 altas consecutivas, com um aumento acumulado de 11,75 pontos porcentuais, maior choque de juros desde 1999
31/10/2022 09h30
Financiamentos para a compra de imóveis ficaram mais caros Marcelo Victor
Depois de ser fixada em 2% em agosto de 2020, a menor taxa da história, pouco mais de dois anos depois, a Selic foi mantida em 13,75%, após decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira (26).
Com essa expressiva alta na taxa básica de juros, o custo do consumo passou a ficar mais alto para o trabalhador brasileiro. Entre esses custos, o consumo que mais se distancia da realidade de renda é o financiamento da casa própria.
Conforme levantamento feito pelo Correio do Estado, um imóvel avaliado em R$ 200 mil com entrada de R$ 40 mil e os demais R$ 160 mil financiados pela Caixa Econômica Federal (CEF) sai com parcelas iniciais de R$ 1.673,00 atualmente, com juros anuais de 9,27%.
Isso é 24% a mais do que o preço encontrado na simulação feita na época da Selic a 2%, na qual a parcela do imóvel de mesmo valor saía por R$ 1.349,00.
A renda mínima necessária neste caso também aumentou. Enquanto uma renda familiar de R$ 4,4 mil já colocava uma família na condição de financiamento, atualmente é necessário ter vencimentos de R$ 5,5 mil.
O mestre em Economia Eugênio Pavão comenta que o período de agosto de 2020 a abril de 2021, quando os juros da taxa Selic se mantiveram em 2%, garantiu ao tomador de crédito a poupança de um valor significativo.
“Na modalidade de financiamento imobiliário com a Selic em 2%, com custo efetivo total [CET] de 7% de juros anuais, um imóvel de R$ 250 mil com a taxa a 2% teria um valor final de R$ 354 mil. Enquanto no atual patamar [com a taxa a 13,75%], com CET de 9,8% a.a., o valor é de R$ 422 mil, ou seja, uma diferença de R$ 68 mil”, pontua.
O doutor em Economia Michel Constantino ressalta que esse patamar da taxa Selic é um “freio de mão puxado” para investimentos e financiamentos.
“Isso porque o custo do dinheiro está alto. Esse é o objetivo, frear o dinheiro em circulação e desincentivar o uso de crédito neste momento, para reduzir a inflação”, explica.
Proprietário da Bacchi Imóveis, Raphael Bacchi comenta que, como a parcela não pode ultrapassar 30% da renda da família, muitas pessoas acabam se deparando com parcelas que não cabem mais no bolso delas.
“Muitas pessoas tiveram o financiamento negado com esse juros altos. Muita gente teve de optar por um valor de imóvel menor, ou agregar um valor de renda para inserir no cálculo, ou até mesmo abater mais na entrada”, revela.
Ele diz que muitos casais fazem todas as etapas de compra de um imóvel, mas acabam desistindo porque não conseguem se livrar do imóvel que possuem.
“A família vem, faz a simulação e encontra um imóvel em que se interessa, mas não faz proposta porque entrega como condição de pegar o financiamento a venda da casa que tem. Então tem muita gente que tenta fazer permuta para baratear a parcela”.
Pavão comenta que o cenário se desenhou de forma que os financiamentos se encareceram neste ano.
“Com a pandemia, a queda do consumo das famílias, o impacto econômico recessivo forçou o governo a elevar a Selic, em razão da inflação crescente. Como o financiamento imobiliário é fortemente ligado às variações da Selic [com o capital investido em caderneta de poupança], o volume para financiamentos é proporcional à taxa de juros, financiando saneamento e habitação”, explica.
O economista Fábio Nogueira complementa dizendo que essa política monetária da Selic em alta, além de perder arrecadação com a diminuição do consumo das famílias, o governo ainda vê uma queda de emprego e renda.
“Para a parte habitacional, a estabilidade ou a redução do financiamento dos produtos de habitação impacta diretamente no emprego e na renda, pois a construção civil tem impacto imediato na geração de emprego, renda e impostos”, comenta.
Com os últimos três meses apresentando deflação, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mercado já se posiciona para uma possível redução da taxa básica em 2023, como já informaram as últimas atas das reuniões do Copom.
De acordo com os documentos, a Selic deve ficar estabilizada até o fim deste ano, com previsão de revisão para 14%, mas com maior chance de fechar este ciclo de alta nos 13,75% atuais.
Pavão diz que a expectativa do mercado é de que os juros permaneçam nesse patamar. “Pelo menos até a implantação da política econômica do governo eleito”, finaliza.
A análise vem no sentido de que ainda falta uma reunião em 2022. Caso o Copom decida aumentar para 14%, o Comitê ainda tem o encontro dos dias 6 e 7 de dezembro para isso.
Para o economista Fábio Nogueira, a manutenção da taxa é o mais provável. “Visto que, mesmo com deflação, a prudência seria uma grande aliada. Logo, o normal seria manter até o fim do ano”, diz.
Analista da Safra Invest, Eliseu Nantes comenta que, como essa precificação já havia sido feita pelo mercado, a tendência agora é de que isso se mantenha por mais algum tempo, até a resolução do processo eleitoral.
“Essa Selic, no mínimo, deve continuar nesses patamares por um bom tempo, visto que já existe uma gordura. Então, independentemente se Lula ou Bolsonaro ganhar, basicamente, já existe uma gordurinha aí na taxa Selic para poder segurar a inflação”.
Para ele, ficam algumas respostas que precisam ser respondidas pela economia, como se a deflação dos últimos meses consegue perdurar mais tempo.
“A inflação está conseguindo ser controlada principalmente com [a redução do] o combustível. A pergunta que fica no ar agora é se essa inflação se manterá após a eleição”, indaga.
Em resumo, Nantes acredita que essa incerteza é a baliza para a manutenção dos patamares da taxa básica. “O cenário base hoje é esse: manutenção dessa taxa Selic durante alguns bons meses”.
Constantino diz que a previsão do governo atual é de que a taxa Selic deve continuar em 13,75% até pelo menos o fim do primeiro trimestre de 2023.
No entanto, no relatório prévio de macroeconomia do BTG Pactual da semana passada do banco, a estimativa é de que a taxa se mantenha estabilizada pelo menos no primeiro semestre.
“O Comitê [Copom] continua com um cenário desafiador mesmo com a melhora da inflação local e, em partes, na expectativa. Para 2023, nosso call ainda é de início dos cortes no 2º semestre e com Selic final em 11%, mas com viés altistas”, conclui o comunicado.
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